Organizações Partidárias e Desempenho Eleitoral no Contexto Federativo Brasileiro (1995-2015).

Em eleições, os partidos políticos como organizações importam? O diagnóstico recorrente sugere a fragilidade organizacional dos partidos políticos brasileiros (Levitsky et al,2016) e relações ambíguas entre ambas as arenas (Mainwaring,2005; Guarnieri,2011). Entretanto, pouco esforço empirico é empreendido para explorar sistematicamente essa relação e seus respectivos efeitos. Baseado na definição “tripartite” de partidos políticos (Key,1964), o objetivo do seguinte trabalho é compreender se as variações nas dimensões organizacionais (organizational level) em contexto subnacional (estados) impactam em seus respectivos desempenhos e estratégias eleitorais (party-in-the-electorate), considerando quatro dos principais partidos políticos brasileiros (PSDB, PMDB, PT e DEM) entre os anos de 1995-2015. O recorte temporal abrange cinco eleições gerais e a transição PSDB/PT na Presidência da República. Assim, propõe-se avaliar as seguintes hipóteses: A-)Partidos organizacionalmente mais robustos tendem a obter melhor desempenho eleitoral, pois mobilizam e estruturam com maior eficiência a escolha do eleitorado (information shortcuts). B-)Diferenças organizacionais dos partidos (níveis de concentração e dispersão da força organizacional e de democracia interna) impactam as coordenações e estratégias eleitorais lançadas pelos respectivos partidos (Melo, 2010;Borges, 2015;Limongi e Vasselai, 2018). No nível organizacional, as variáveis independentes são: 1-) força organizacional, operacionalizada pelos recursos financeiros dos diretórios estaduais/eleitorado + filiados/eleitorado + diretórios municipais/eleitorado e agregada via z-score (Cotter et al,1984;Tavits,2013; Webb e Keith,2017). 2-) democracia interna, medida pelo grau de oligarquização (ou estabilidade) das executivas estaduais e nacionais (índice de Shonfield, 1980), além do nível de centralização/descentralização decisória dos diretórios estaduais em relação ao diretório nacional (Ribeiro,2010). O desempenho eleitoral é avaliado pelo quantitativo de votos nominais para deputados estaduais e governadores agregados por partido. Além disso, dado a existência de outros fatores relevantes que influem no desempenho eleitoral, variáveis de controle serão acrescidas ao modelo: cociente eleitoral, reeleição, avaliação nacional do governo, comparecimento eleitoral, governo/oposição e IDH estadual (dimensão socioeconômica). Em síntese, propõe-se a existência de um estreito vínculo entre as características organizacionais dos partidos, capacidade de mobilização e o comportamento eleitoral - electoral linkage (Tavits,2013). Os dados utilizados advém do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), contemplando todos os 27 estados brasileiros.

Pedro Paulo Ferreira Bispo de Assis Pedro Paulo de Assis /Universidade Federal de São Carlos
Luís Gustavo Bruno Locatelli /EAESP - FGV