O assédio do Banco Mundial à educação pública e a resistência estudantil no Brasil
Após o golpe parlamentar-midiático, se intensificam as estratégias para desobrigar o Estado brasileiro de seu dever com o ensino público, gratuito, laico e de qualidade, bandeira dos movimentos populares inscrita na Constituição. O governo ilegítimo agenciou o programa “Escola Sem Partido”, congelou as verbas da educação por 20 anos e propôs uma reforma antidemocrática do ensino médio. A quem interessa cercear as parcas conquistas da juventude e a liberdade de ensino fruto de lutas sociais? Qual a origem de iniciativas cujo alvo é negar o acesso a conhecimentos, que podem resultar em mudanças econômicas, igualdade social e práticas democráticas? Reflito sobre estas questões a partir da intervenção do Banco Mundial no ensino médio, em particular no técnico profissionalizante destinado a jovens trabalhadores. As alterações no currículo e na estrutura do ensino básico servem à lógica do capital mediante a formação de mão-de-obra adaptada a um mercado de trabalho servil aos interesses das grandes potências. A análise mostra como o ideário conservador que embasa a contrarreforma educacional segue o caminho inverso dos traços marcantes da juventude: rebeldia, contestação e utopia. Na sequência examino o protesto de milhares de secundaristas contra o projeto neoliberal que visa tornar o ensino médio ainda mais atrativo para o setor privado. Com apoio de professores, pais, intelectuais e artistas ocupam escolas em todo o Brasil. Impressiona a rotina de aprendizado, debate político e atividades culturais promovidas pelos estudantes para manter as escolas funcionando, limpas e seguras.