Diagnósticos de atraso: um estudo comparado de Argentina, Brasil e Chie (1830-1870)

Partindo de uma metodologia histórico-conceitual, o objetivo desta pesquisa, em desenvolvimento, é analisar a formação dos Estados nacionais na América latina, especialmente os casos de Argentina, Brasil e Chile, a fim de estudar as estratégias políticas de construção estatal afetadas pela condição periférica. Tendo em vista compreender estes processos de desenvolvimento político e analisar as recepções e aclimatações das correntes políticas, utilizaremos autores centrais para o debate em cada país como norte para reconstrução do contexto político estudado. Os personagens clássicos escolhidos representam, de maneira generalista, grupos políticos díspares em suas concepções a respeito da formação do Estado Nacional. Nossos seis autores poderiam ser divididos em dois grandes grupos, os Liberais federalistas: Domingo Faustino Sarmiento (1811-1888), na Argentina, Aureliano Cândido de Tavares Bastos (1839-1875), no Brasil e José Victorino Lastarria (1817-1888) no Chile. Do outro lado do espectro político estão os Conservadores unitaristas: Juan Bautista Alberdi (1810-1884), na Argentina, José Paulino Soares de Sousa, o Visconde do Uruguai (1807-1866), no Brasil e Mariano Egaña Fabres (1793-1846) no Chile. Em busca de compreender a periferia latino-americana em seus próprios termos, a proposta específica para este artigo é delinear a construção dos diagnósticos de atraso para os três países a partir dos seis autores escolhidos. Conduzir esta agenda de pesquisa de maneira comparativa concede maior robustez aos resultados, suspendendo o entendimento particular e culturalista. Sendo a hipótese principal que a condição periférica é determinante para a trajetória da formação do Estado nacional, o fator importante do arcabouço institucional não está, portanto, na forma, isto é, na maneira como se apresentam os sistemas políticos, mas no conteúdo a partir do qual operam. Ao corroborar tal hipótese é possível utilizar os casos de Argentina e Chile como exemplo de que, apresentando o regime republicano, diferenciavam-se devido ao conteúdo do sistema, fato que aproxima o Chile do Brasil, embora este último fosse uma Monarquia. Além do seu valor no âmbito da reconstituição da construção nacional, trazer a lume discursos, conceitos e representações é de grande importância para o resgate e valorização dos significados históricos e de formação da Teoria Política e do Pensamento Político latino americano.

Lidiane Rezende Vieira /IESP-UERJ