A aproximação entre Brasil e Israel nos governos do PT: segurança, “pacificação” e diplomacia
O comércio de produtos de segurança e militares entre Israel e Brasil registrou um crescimento acentuado na últimas décadas. Essas trocas ocorrem em meio a um aumento da importância da balança comercial na relação bilateral entre os dois países, marcado pelo Acordo de Livre Comércio Mercosul-Israel, em vigor desde 2009. Essa mudança acontece no período dos governos petistas no Brasil (2003-2016), justamente no momento em que grande parte da literatura avalia que estava ocorrendo um distanciamento nas relações entre Brasil e Israel, permeada por episódios de graves crises diplomáticas. No entanto, aqueles que investigam as relações exteriores de Israel, notam que a exportação de tecnologias e técnicas no campo da segurança está muitas vezes vinculada a uma tentativa de Israel aumentar a sua influência política sobre o país importador. A chamada ‘política de segurança’ israelense almeja traduzir as relações comercias em medidas políticas e diplomáticas favoráveis ao país, principalmente na defesa de seus interesses na relação com seus inimigos, os palestinos e o Irã. A partir da análise das relações comerciais entre os dois países, em geral, e das articulações, por vezes transnacionais, no setor da segurança, em particular, argumentamos que os governos petistas inauguraram uma aproximação inédita na relação com Israel. Essa aproximação ocorreria principalmente pela estratégia do governo brasileiro de projetar poder e prestígio internacional pelo fortalecimento das suas Forças Armadas bem como da “pacificação” de seus conflitos sociais internos para receber megaeventos e investimentos internacionais. Consequentemente, a “diplomacia de segurança” israelense tornou-se um importante fator que tem levado o Brasil a cada vez mais se aproximar de Israel nos campos comerciais e tecnológicos.