Uma Guinada à Direita no Brasil. A Crise da Democracia Liberal.

O Brasil encontra-se entre as dez maiores economias do mundo e a maior economia da América Latina neste início de século XXI. Apesar desta importante posição econômica no mundo e no continente, do ponto de vista político, as coisas parecem não ter a mesma dimensão institucional. Na última pesquisa do Latinobarômetro, a insatisfação com o funcionamento da democracia cresceu de 51% em 2009 para 71% em 2018. Não foi por acaso, que no dia 28 de outubro de 2018, Jair Bolsonaro do PSL, um candidato da extrema direita, obteve 49,8% dos votos no segundo turno das eleições presidenciais no país, contra 40,5% da candidatura de Fernando Haddad do PT, da esquerda moderada. A vitória desta candidatura antissistema, mais do que uma causa, é na verdade, um sintoma de uma crise estrutural muito mais profunda da democracia brasileira que se arrasta desde a redemocratização do país, combinada com a crise da democracia liberal no mundo. Nossa tese central em linha gerais, com base em banco de dados e análise quantitativa do Latinobarômetro, WVS e IBGE, é de que esta crise foi proveniente dos baixos níveis de crescimento econômico (PIB), que por sua vez combinaram-se com a baixa confiança e crença nas instituições políticas e sociais. Os escândalos de corrupção, publicizados pela mídia, a ausência das reformas necessárias ao país, tem aumentando o descrédito nas instituições democráticas, principalmente no legislativo e no executivo, além dos partidos políticos que estão na base de sustentação destes poderes. Neste sentido, o uso do “hardball” por parte dos players, uma espécie de “aos inimigos a lei”, torna-se recorrente na política brasileira expondo ainda mais o divórcio litigioso entre representantes e representados no contexto de uma democracia inercial.

Everton Rodrigo Santos /Universidade Feevale