Padrões de Competição Eleitoral nos Estados da Amazônia Brasileira

Este artigo apresenta como proposta de discussão o estudo da geografia eleitoral, tendo como locus de investigação a distribuição da votação dos deputados federais eleitos nos estados que compõem a Amazônia Brasileira na eleição de 2014. O estudo procura responder ao seguinte questionamento: Existe algum padrão geográfico que reflete a relação dos deputados com suas bases eleitorais? O artigo levanta como hipótese a premissa de que em razão da adoção do sistema proporcional, que coloca em disputa muitos competidores, a disputa territorial se processa num cenário de elevada concentração territorial do voto. Do ponto de vista metodológico o estudo utilizará como modelo de análise o índice de avaliação territorial do voto construído por Taagepera. Este índice assume uma escala de valores que vai de 0 a 1. Quanto mais próximo de zero mais dispersa é a distribuição da votação dos deputados em relação aos territórios, no caso o número de municípios existentes em cada estado da Amazônia. Quanto mais próximo de 1 mais concentrada é a distribuição da votação do deputado no território, conforme ilustração abaixo:  0 a 0,50 – Situação de dispersão do voto - a votação do deputado está distribuída em muitos municípios do estado analisado;  0,51 a 1,00 – Situação de concentração do voto – a votação de deputado está distribuída em poucos municípios do estado analisado; Aplicando-se o índice na votação territorial dos deputados eleitos em 2014, pode-se afirmar que o padrão de competição política que se desenvolve nos estados da Amazônia, segue um padrão caracterizado pela concentração espacial do voto. Isto indica que os candidatos acabam representando limites geográficos fragmentados, o que configura numa anomalia do princípio da proporcionalidade praticado no Brasil, pelo fato de que o sistema proporcional deveria se mostrar capaz de retratar as diversas correntes de opinião presente na totalidade do espaço geográfico a ser representado. Entretanto, a representação geográfica tem sido marcada pela emergência do localismo e por práticas clientelistas voltadas para o atendimento de demandas presentes em reduzidos espaços geográficos, levando a representação territorial a ter mais importância que a representação social.

MARTHA MARIA JARES ALVES /UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
CARLOS AUGUSTO DA SILVA SOUZA /Universidade Federal do Pará