Demofobia em autores clássicos da teoria econômica

Relacionar política com economia é um trabalho que tem sido feito exaustivamente ao longo de vários séculos, na busca de fundamentação de uma teoria do poder político. Além disso, contemporaneamente, diversos dos pressupostos da racionalidade instrumental dos indivíduos, construídos nas teorias econômicas ortodoxas, são utilizados com bastante frequência como método analítico na ciência política – principalmente nas correntes institucionalistas. Recentemente, Thaís Aguiar (2011; 2014) construiu um rico estudo sobre a demofobia, jogando luz em como o medo das massas possuiu papel constitutivo de diversas teorias políticas que apresentaram subsídios à reflexão sobre a democratização. Utilizando-se de sua construção conceitual e método genealógico, buscar-se-á, aqui, fazer leitura similar sobre as teorias econômicas. Pretende-se, portanto, fazer o caminho inverso do que é feito de maneira tão corriqueira: analisar como reflexões de alguns autores – tão estudados na teoria econômica – contribuíram para a construção teórica da política, influenciando em diversas visões sobre as democracias autuais. Ou seja, como diversos autores clássicos das ciências econômicas findaram por orientar questões e subsidiar sua institucionalização dos estudos políticos. Nesse sentido, este trabalho parte de uma pesquisa que abarca o pensamento de autores que desenvolveram as primeiras noções intelectuais e abstratas da economia. Inicialmente, explorar-se-á algumas das proposições teóricas presentes na obra dos pensadores Adam Smith, David Ricardo, Walras – e os marginalistas – e Hayek. Ao fim, apresentar-se- á autores que resistiram às ideias baseadas em diferentes entendimentos do utilitarismo, a partir de proposições analíticos baseadas em outras ordens para enxergar a realidade social.

Matheus de Sá Moravia /IESP - UERJ