Mandato coletivo: a candidatura da Bancada Ativista nas eleições da Assembleia Legislativa de São Paulo (2018)
A proposta de comunicação analisará a candidatura da autointitulada Bancada Ativista, que se colocou publicamente nas eleições de 2018 como uma plataforma coletiva formada por nove co-candidatos à Câmara Estadual de São Paulo. Acreditamos que a ampla e qualificada literatura sobre partidos políticos no Brasil aborda aspectos fundamentais para a compreensão da estrutura partidária e eleitoral do país, mas não é adequada para a análise da experiência eleitoral trazida pela proposta de mandato coletivo. A candidatura da Bancada Ativista foi composta por nove ativistas de diferentes inserções no movimento social e com o objetivo de criar uma forma diferente de liderança e de representação política, menos centrada no personalismo, característico da atividade parlamentar no país. Trata-se de uma experiência nova, tendo em vista que não está centrada em uma única personalidade política, mas necessariamente em uma coletividade que se apresenta aos eleitores como uma opção de representação. Ou seja, há uma inversão da individualização para a coletivização do mandato parlamentar tanto na apresentação da chapa em disputa, quanto em sua execução. Chama a atenção que mesmo com o amplo diagnóstico de crise dos partidos políticos e das lideranças políticas ainda são poucas as experiências voltadas para o questionamento dos protocolos existentes nos parlamentos em seu objetivo central que a representação e não o insulamento, mesmo quando buscamos exemplos em outros países. Utilizamos uma entrevista semiestruturada como principal subsídio empírico a fim de compreender o percurso de tal candidatura, desde a sua emergência, passando pelos desafios da campanha, e pelas perspectivas do desenrolar do mandato. Nossa referência teórica se ancora no método biográfico entendendo que a articulação entre construções biográficas e a história, como diria Wright Mills, nos proporciona momentos heurísticos para a problematização e compreensão de processos sociais mais amplos, pois a ação dos indivíduos tem como substrato construções sociais. A fim de compreender tal fenômeno, inicialmente empreendemos uma contextualização histórica por entender que se inserem no escopo das mobilizações de massa de teor disruptivo ocorridas globalmente desde os anos 2011, e que terão no Brasil as Jornadas de Junho de 2013 como um relevante ponto de inflexão.