Determinantes da multidimensionalidade da adesão à democracia na América Latina (2006-2017)

São diversas as pesquisas recentes que tratam da erosão ou da morte das democracias, considerando contextos nacionais onde tal regime, até pouco tempo, era considerado consolidado. No caso da América Latina, onde parte significativa das unidades nacionais vivencia a experiência a cerca de três décadas, os estudos se debruçam sobre os determinantes do apoio das populações à democracia, de modo que este paper busca avançar com relação às investigações já postuladas ao tratar da multidimensionalidade da referida adesão tanto sob a perspectiva longitudinal (ainda que restrita ao período para o qual há dados disponíveis do Latin American Public Opinion Project – LAPOP – 2006 a 2017) quanto em diálogo com autores que buscam identificar quem são os democratas puros, ou seja, aqueles indivíduos que, independente de qual o conteúdo das questões que lhes são apresentadas, sempre escolhem respostas que remetem à alternativa democrática. Para tanto, inicialmente selecionamos questões que remetem a aspectos procedimentais do funcionamento da democracia e realizamos análises descritivas, a fim de compreender como tais aspectos evoluíram ao longo do período destacado para o conjunto de países latino-americanos. Na sequência, construímos um índice que agregou os distintos aspectos, a fim de destacar os percentuais de eleitores nacionais que optaram por alternativas democráticas para todos os procedimentos questionados. Tendo em vista que o apoio desse grupo à democracia se destacaria como mais consistente do que entre o restante da população – dividida entre aqueles que manifestariam respostas ambivalentes (por vezes favoráveis, em outras desfavoráveis ao regime) ou se revelariam autoritários – nosso terceiro passo consiste em identificar os determinantes da adesão à democracia na América Latina, a fim de contribuir tanto ao debate sobre o futuro da democracia quanto à compreensão acerca de alterações dos cenários políticos na região, onde governos de direita têm vencido eleições recentes, a despeito da onda de vitórias de partidos e coalizões de esquerda nas últimas décadas.

Éder Rodrigo Gimenes /Universidade Estadual de Maringá/Centro Universitário de Maringá