Narrativas em jogo: crise e liderança na América Latina

Este artigo abordará como as narrativas de liderança brasileira na América do Sul foram construídas em momentos de crise regional. Os marcos teóricos serão o pós-estruturalismo, especialmente R. B. J. Walker, bem como o pós-colonialismo, que terá enfoque na obra de Siba Grovogui. Com relação à Walker, o presente trabalho se atentará a trabalhar os momentos de fronteira; no que diz respeito ao livro de Grovogui, atentar-se-á às instrumentalizações de narrativas. A construção dessas narrativas feita pelo jornal o Globo, acerca da Política Externa Brasileira, serão comparadas em dois momentos: (i) durante a tentativa de golpe de Estado na Venezuela, em 2002; (ii) durante a nacionalização dos hidrocarbonetos bolivianos, em 2006. A comparação se dá em um cenário no qual há crise em um país fronteiriço, que envolve uma fonte de energia da qual o Brasil tem certa interdependência, com dois governos estrangeiros ligados à esquerda no espectro político tradicional, mas com dois governos brasileiros diferentes. Selecionou-se o jornal O Globo, em formato impresso, considerando sua importância: na ocasião era o segundo jornal mais vendido no Brasil e um dos 10 membros do Grupo de Diários América, associação formada por jornais da América Latina com o fito de “informar e influir en la opinión pública en sus respectivos mercados”. A coleta de dados primários foi feita no Acervo Globo, durante os dias 28 e 29 de janeiro de 2019 e a metodologia empregada foi a de valência. Ao final do artigo será possível perceber como as narrativas em disputa e as fronteiras das ações brasileiras foram interpretadas de maneiras diferentes.

Eduardo da Nóbrega Monteiro /UERJ