Ciência Política e Feminismo: as contribuições das relações de classe e raça para o debate sobre patriarcado.
Os estudos sobre gênero têm ganhado cada vez mais espaço no interior da teoria política. Esse processo é menos visível nas ciências sociais brasileiras, mas representa um movimento irreversível, já que as interrogações feministas são tão potentes que deixam pouca margem para qualquer abordagem acadêmica tentar ignorá-las. As reflexões sobre a relação entre patriarcado e capitalismo estiveram presentes nas preocupações fundantes dos estudos de gênero ao longo do século XX. Essas preocupações foram mais nítidas entre as feministas marxistas, que procuram demonstrar como a associação entre o capitalismo e o patriarcado reconfigurou as estruturas de opressão e fomentou novos contornos de dominação masculina. O presente trabalho tem o objetivo de investigar como o conceito de classe e raça contribuem para para reformular o debate sobre a realção entra capitalismo e patriarcado. Partimos do pressuposto que exite uma renovação do interesse pela relação entre capitalismo e patriarcado nos estudos feministas e que essa renovada atenção se projeta na problematização, para as relações de gênero, das consequências dessa união. Esta problematização encontra-se marcada pela emergência de lutas sociais e contestações das estruturas que aprofundam as desigualdades (nas suas várias faces) constituídas pelo capitalismo, só que agora com outro enfoque e outras preocupações, diferentes das trazidas nos estudos produzidos até a decada de 70, que tinham enfoque nas consequências dessa relação para o lugar de subordinação destinado as mulheres, principalmente na família e no mercado de trabalho. Acreditamos que os conceitos de classe e raça informam de maneira estruturante as novas expressoões da dinâmica de expoloração capitalista e as dinâmicas ideologicas do patriarcado. Jogar luz sobre a interação entre capitalismo e patriarcado, tendo a perspectiva de classe e de raça, nos ajuda a explicar como essa relação se configura nos dias atuais já que complexifica a própria noção de gênero na medida em que ajuda a compreender como tanto o capitalismo quanto o patriarcado afetam de maneira distinta grupos específicos de mulheres.