Como medir a corrupção? Obstáculos, desafios e novas metodologias possíveis
Quando discutimos o tema da corrupção, ou da corrupção política, sobre o que estamos falando? O consenso em relação à definição de corrupção apresenta-se como desafio introdutório ao estudo do tema, pois como o termo corrupção trata de práticas variadas, as definições também são diferentes. Então, um objetivo inicial deste trabalho é apresentar o estado da arte do debate em torno do conceito de corrupção bem como apresentar uma definição que consideramos mais robusta e operacionalizável. Uma vez que teremos esta discussão apresentada, ainda permanece um outro problema que se mostra como o mais difícil nos estudos científicos da corrupção: como medir o fenômeno? O desafio se apresenta mais difícil pois não se trata de uma questão de arbítrio, como a questão conceitual, mas sim da atual impossibilidade de se saber o real montante de recursos desviados ou simplesmente ter uma estimativa confiável da corrupção. Tal dificuldade parece servir de forte desestímulo às pesquisas sobre o tema pois os estudiosos ainda não sabem bem como tratar o problema. É neste sentido que este trabalho se propõe a fazer uma contribuição à área. Apresentaremos um inventário completo dos métodos de medição direta e indireta, apontando vantagens e desvantagens de cada método. Com isso, saberemos os limites e alcances dos medidores bem como, através de um debate da literatura sobre medidores de corrupção, saber o que pode ser proposto como novo medidor e o que ainda nos falta conhecer para sofisticar os medidores. Por fim, debateremos uma proposta de um novo método de investigação da corrupção: o ajuste do método do jornalismo investigativo para os estudos científicos da área.