A Economia Política Internacional da formação dos Acordos Preferenciais de Comércio na América Latina na ordem multilateral e regional pós-liberal

Dados oficiais da Organização Mundial do Comércio (OMC), que compreendem o período 1948-2018, mostram que a maior parte dos Acordos Preferenciais de Comércio (APC)s realizados pelos países da América Latina (AL) e notificados à organização entrou em vigor no século XXI, ou seja, ela é recente. Em sua maioria, são acordos simples, como uma área de livre comércio, incluem a livre circulação de bens e de serviços e foram firmados com países de todas as regiões do mundo, com destaque para os parceiros do Sul Global. Vários fatores explicam o crescimento exponencial do número de APCs na região nesse período, de ordem econômica, política e geopolítica, nos âmbitos doméstico e internacional. O objetivo desta pesquisa é analisar a proliferação de APCs na AL da perspectiva da Economia Política Internacional (EPI), que examina a riqueza e as relações de poder entre Estados e atores não-estatais, tanto em nível regional quanto global. De modo mais específico, procura-se responder às seguintes perguntas relacionadas ao ambiente internacional: a) de que modo as dificuldades no avanço das negociações comerciais multilaterais da OMC e dos acordos regionais mais profundos, além das frustrações dos países latino-americanos com seus resultados, influenciaram a sua estratégia de realizar APCs com o perfil anteriormente apresentado? b) de que forma mudanças na ordem multilateral e regional pós-liberal influíram na proliferação de APCs na AL no início do século XXI? A crise da ordem hegemônica liberal liderada pelos EUA e a ascensão da China como grande potência mundial e importante player da governança econômica global no início do século foram determinantes na proliferação de APCs na AL no período. A pesquisa se pautará em uma análise qualitativa de dados da OMC e na literatura de EPI de âmbito global e regional, de modo a apresentar uma explicação para o problema apresentado.

Patricia Nasser de Carvalho /Universidade Federal de Minas Gerais