As Organizações Internacionais e as latino-americanizações da política social
A Análise de Políticas Públicas, vitimada por seu tradicional nacionalismo metodológico, tem prestado pouca atenção aos fatores extranacionais que cada vez mais influenciam os processos de produção das políticas no âmbito doméstico. Por seu turno, os estudiosos do Estado de bem-estar social e aqueles comparativistas que analisam as políticas sociais estão, usualmente, interessados nas especificidades nacionais ou na caracterização de distintos regimes de bem-estar social. São os analistas da difusão, da transferência e da circulação das políticas públicas aqueles que mais sistematicamente têm questionado as razões da convergência internacional em torno de políticas e programas sociais específicos. Contudo, o cada vez mais significativo papel desempenhado pelas Organizações Internacionais (OIs) na difusão de políticas e na sua adoção no plano nacional tem sido negligenciado por todas estas tradições analíticas. O objetivo do presente trabalho é, partindo de uma síntese da já antiga discussão acerca da europeização das políticas públicas: (a) analisar comparativamente a agenda social das OIs latino-americanas e daquelas OIs globais com atuação na região; (b) discutir os instrumentos que têm sido utilizados por estas OIs para a difusão das políticas sociais na América Latina; e (c) questionar a utilidade e as limitações do conceito “latino-americanização das políticas sociais”.