Partidos conservadores no Brasil do século XXI (2000 – 2018)

Este artigo busca incorporar-se à agenda de pesquisa acerca dos partidos conservadores no Brasil. A pergunta que norteia nosso trabalho é: “quais são, o que defendem e quais as bases dos partidos conservadores no Brasil do século XXI (2000 – 2018)?”. Nosso objetivo é retomar as questões presentes no livro de Mainwaring, Meneguello e Power (2000) com novos dados. A partir do caso brasileiro, os autores fazem uma análise crítica da definição mínima de partidos conservadores cunhada por Gibson (1996), que diz que estes são as organizações cujas bases são extraídas das “camadas superiores da sociedade” (GIBSON, 1996, p. 7). O presente trabalho é inserido, assim, como contribuição empírica, para verificar se a crítica se mantém atualmente. Para definição de quais são esses partidos e o que defendem, valemo-nos das suas posições programáticas em votações no Congresso Nacional referentes a políticas pró-mercado, agenda moral, instituições democráticas e medidas autoritárias – mensuramos, assim, o grau de conservadorismo dos partidos (MAINWARING; MENEGUELLO; POWER, 2000). Já para análise de suas bases sociais, utilizamos surveys, como o Estudo Eleitoral Eleitoral Brasileiro (ESEB), e dados agregados dispostos no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Desta forma, conseguimos distinguir onde estão assentados o apoio e sucesso de tais partidos. Crescente na época de publicação do livro Partidos conservadores no Brasil contemporâneo (MAINWARING; MENEGUELLO; POWER, 2000), o sucesso eleitoral desses partidos era a principal dimensão a ser atualizada. Após os resultados das eleições de 2018, com a ascensão de um partido conservador em todos os níveis de competição, a questão ganha ainda mais fôlego. Portanto, demonstramos de que forma se desenvolveu a dinâmica dessas organizações no Brasil – para quais cargos lançaram candidatos, com quais legendas se aliaram, onde se concentraram suas vitórias e como se desenvolveram suas atuações programáticas ao longo do novo período.

Henrique Curi /UNICAMP
Otávio Catelano /Unicamp