ÉTICA-ESTÉTICA DOS PROTESTOS - ATORES E PERSONAGENS NO CENÁRIO POLÍTICO ATUAL DO BRASIL

Este trabalho analisa uma multiplicidade de corpos, vozes, expressões, máscaras, imagens, performances e teatralidades das ruas, de atores e personagens que surgiram na cena política brasileira no período de 2013 a 2016. E as mudanças identificadas nas novas formas de participação da sociedade civil durante as manifestações de protestos ocorridas em junho de 2013 e os seus desdobramentos em 2014 e 2015. Até culminar na Ocupação dos prédios do Ministério da Cultura nos 27 estados, ocorrida em 2016, em reação motivada pelo impeachment da presidenta Dilma Rousseff, considerado como golpe por esse movimento. Como método de pesquisa, utiliza-se a cartografia, referenciada em Gilles Deleuze e Féliz Guatarri, com base no material registrado em entrevistas, depoimentos e arquivos jornalístico, fotográfico, audiovisual, tanto obtidos na mídia impressa (jornais O Globo, Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo, revistas Carta Capital, Caros Amigos, Cult, Isto É, Veja), quanto nas formas independentes de veicular as informações nas redes sociais e fizemos entrevistas com os coletivos midialivristas Mídia Ninja e Mídia Independente Coletiva. Compõem-se seis cartografias, apresentando uma série de fotografias que revelam a encenação na política, a presença de infiltrados, a apropriação das ruas e a capitalização dos protestos, a disputa de narrativas revelando novas formas de se criar e performar nos campos da política e da estética. Para entender essas forças em conflito fez-se um estudo de integrantes e movimentos identificados com as ideologias de direita (Vem Pra Rua, Movimento Brasil Livre, Revoltados On Line) e também da esquerda (Ocupa MinC, Movimento Sem Terra, União Brasileira de Estudantes). Utilizou-se da pesquisa do fotógrafo Gabriel Mascaro sobre a infiltração da polícia para identificar os ativistas através dos pés e também a pesquisa da Fundação Getúlio Vargas: “A Polícia e os Black bocs”, concentrada na percepção dos policiais sobre junho de 2013. Fez-se ainda um trabalho de campo, de observação participante, ao entrevistar manifestantes em 2013, e também integrantes da Ocupação da Cultura em 2016, a fim de entender suas pautas e essa nova forma de ativismo que apareceu nas ruas do Brasil e na onda global de protestos.

Ana Lúcia Ribeiro Pardo /Universidade Federal Fluminense - UFF