As narrativas dos governos brasileiros sobre a globalização e seus impactos na integração latino-americana

O contexto de globalização após o fim da Guerra Fria ajudou a acelerar as discussões acerca da adoção ou não de uma agenda pró-mercado e neoliberal no Brasil, bem como sobre o papel do Brasil na emergente governança global, bom como no processo de integração na América Latina. Há aqueles que veem a globalização como um imperativo irreversível do mercado e das empresas globais, e que o Estado brasileiro deveria adotar medidas de ajuste subjugadas às condições da globalização. Por outro lado, há também o crescimento da discussão sobre a globalização solidária, que promove políticas públicas alternativas para viabilizar a constituição de uma sociedade menos afetada pela desigualdade de distribuição de renda e que também poderia avançar no padrão de vida dos grupos sociais mais afetados pelas reformas neoliberais. Como diz Immanuel Wallerstein, vivemos entre o espírito de Davos (Fórum Econômico Mundial) e o espírito Porto Alegre (Fórum Social Mundial). O trabalho pretende revisitar a agenda proposta pelos Fóruns Econômicos e Sociais Mundiais e analisar os discursos dos governos dos presidentes Fernando Henrique Cardoso, Luis Inácio Lula da Silva, Dilma Rousseff e Jair Bolsonaro, em relação e nesses Fóruns, a fim de mapear as narrativas dos governos brasileiros sobre globalização nas duas primeiras décadas do século XXI e seus impactos nos processos de integração latino-americana.

Solange Pastana de Góes /Universidade Estadual do Rio de Janeiro