NOVOS PADRÕES DE ATUAÇÃO EM POLÍTICA EXTERNA: O BRASIL AINDA PODE SER CONSIDERADO COMO UMA POTÊNCIA REGIONAL?

Durante os governos de Fernando Henrique Cardoso e Luis Inácio Lula da Silva, o Brasil aumentou consideravelmente seu ativismo em questões internacionais, buscando consolidar uma posição de liderança entre os países sul-americanos. Mesmo sendo um poder emergente, o Brasil está vinculado à noção de soft power, sem a intenção de se tornar uma potência militar, além de se utilizar de meios pacíficos para mediar conflitos. Desde o início do século XX, a negociação – e não a guerra – prevaleceu na configuração do espaço territorial do país, de maneira que o país resolveu pacificamente as disputas territoriais com os países vizinhos, com um processo de construção do Estado resultante de negociações diplomáticas, e não de disputas militares. E, especialmente nas últimas décadas, a tradição diplomática vem reiterando a necessidade de obter o apoio da região como um instrumento para impulsionar a projeção internacional. Nesse sentido, a partir do debate da literatura especializada e da análise de alguns casos paradigmáticos, este breve artigo procurará visualizar o se o Brasil, atualmente, continua tendo um papel de liderança na América do Sul, procurando responder às seguintes questões: o país poderia ser considerado como uma potência regional? E esse papel de liderança regional seria reconhecido por seus vizinhos sul-americanos? Para tanto, em primeiro lugar, será examinado o conceito de poder regional, evidenciando instrumentos analíticos que auxiliam na identificação e classificação das potências regionais. Em segundo lugar, o estudo fará uso de tais instrumentos para observar a atuação diplomática do Brasil pós-FHC e Lula em três eixos centrais, quais seja, o regionalismo, a intervenção em crises políticas e a soberania, evidenciando os pontos e os casos paradigmáticos que podem ou não classificá-lo como uma potência regional. Por fim, na terceira seção serão tecidas as considerações finais, evidenciando se os governos de Dilma Rousseff, Michel Temer e Jair Bolsonaro perderam força no sentido de promover a liderança regional do país.

Bruno Vicente Lippe Pasquarelli /Universidade do Sagrado Coração