Eleições presidenciais e whatsapp no Brasil pós-impeachment: atores, agenda e redes

Quer seja no Brexit no Reino Unido, passando pelas eleições de Donald Trump nos Estados Unidos até a recente vitória de Jair Bolsonaro para a presidência do Brasil, o aplicativo whatsapp mostrou-se como uma plataforma importante de difusão de conteúdo e de estratégia de convencimento da população e do eleitorado. Se, por um lado, ele suplanta os custos de obtenção de informação por parte do público ao entregar o conteúdo no “bolso” de seu destinatário, sua distribuição massiva e a dificuldade de rastreamento das mensagens aumenta a dificuldade de respostas dos adversários e, assim, de um debate em condições de igualdade. Apesar de sua importância na dinâmica social e da capilaridade que possui, praticamente não há estudos sobre o uso dessa ferramenta em momentos políticos importantes em todo o mundo. Este artigo busca contribuir para o preenchimento dessa lacuna fazendo uma análise descritiva do panorama estabelecido pelo aplicativo na campanha presidencial brasileira de 2018. A partir da parceria com o projeto “Eleições sem Fake", desenvolvido pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que envolve pesquisadores brasileiros e internacionais, conseguimos monitorar mais de 300 grupos públicos de whatsapp durante as eleições brasileiras de 2018. O artigo visa analisar esses dados a partir da perspectiva da Ciência Política com vistas à caracterização do ambiente informacional construído pela rede de difusão de conteúdo do whatsapp. Considerando que as informações divulgadas e acessada pelos eleitores em períodos eleitorais importam na construção das preferências, iremos caracterizar a agenda de mensagens, os atores envolvidos e as redes construídas no conjunto de grupos observados. Para a análise dos dados, iremos recorrer às técnicas de análise de conteúdo e de redes com auxílio de softwares. Por fim, esperamos que os resultados apresentados possam incitar reflexões que permitam uma melhor compreensão das eleições na era das mídias sociais digitais.

Gleidylucy Oliveira da Silva /Centro Brasileiro de Análise e Planejamento - CEBRAP
Gabriel Avila Casalecchi /Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR)
Natasha Bachini Pereira /IESP-UERJ