Rupturas e continuidades na politica externa brasileira para a África no século XXI

A política externa brasileira para a África, depois de um longo período de distanciamento, sofreu uma importante inflexão durante os anos 2000. A posse de Luiz Inácio (Lula) da Silva marcou uma clara mudança nos paradigmas da política externa brasileira, acarretando a retomada da atribuição de importância ao continente africano. Ao longo dos dois mandatos de Lula, o Brasil se reaproximou da África, ampliando sua participação no continente e transformando-o em um importante parceiro do país, não só em termos políticos, mas também econômicos. A partir do primeiro mandato de Dilma Rousseff, em 2011, as relações com o continente vivenciaram um enfraquecimento, resultado de condicionamentos internos e externos, ainda que tenham mantido sua relevância para a política externa brasileira– tanto em termos políticos, quanto econômicos. Com a ascensão de Michel Temer ao poder, em 2016, operou-se uma reorientação nas linhas gerais da política externa brasileira, colocando em questão o espaço ocupado pelo continente africano ao longo dos anos 2000. Nesse sentido, este trabalho busca avaliar os impactos que a política externa brasileira com o continente africano sofreu a partir da ascensão de Temer ao poder. Para tanto, apoia-se sobretudo nos trabalhos de Charles Hermann (1990), com o intuito de analisar os diferentes níveis de mudança de política externa; e de Ricardo Sennes (2003), com o objetivo de demonstrar que a matriz de política externa que marcou os governos Lula e Dilma é distinta daquela do governo Temer. Ainda, além da análise das políticas e iniciativas brasileiras voltadas ao continente africano, também são analisados dados de comércio, de forma a demonstrar as mudanças que ocorreram ao longo do período.

Guilherme Ziebell de Oliveira /Pontifícia Universidade Catolica de Minas Gerais - Poços de Caldas
Vinícius Henrique Mallmann /Universidade Federal do Rio Grande do Sul