Brasil século XXI: o "Brasil acima de tudo, Deus acima de todos" versus o “quilombismo”

O Estado-nação brasileiro, com a globalização e a imposição de políticas neoliberais, vive uma crise de legitimidade que é, em grande parte, devida ao enfraquecimento da identidade nacional. As identidades étnicas e raciais foram reabilitadas em nome da diversidade e da luta contra as desigualdades, o racismo e o "colonialismo interno". Somado a isso, há o fato de que a própria Constituição de 1988 determina a divisão do povo brasileiro via critérios multiculturais, étnicos e raciais. Desse modo, o Estado-nação brasileiro acabou “terceirizando” a questão da identidade para os chamados movimentos sociais e institucionalizou, em praticamente todas as políticas públicas, a divisão de seu povo segundo critérios raciais. Sendo assim, a análise desenvolvida neste ensaio visa elucidar as origens do fenômeno, suas características e as reações conservadoras e nacionalistas que provocou, culminando com a chegada de Jair Bolsonaro ao poder em 2019.

Hugo Rogelio Suppo /Universidade do Estado do Rio de Janeiro