Novas frentes migratórias na Pan-Amazônia
Neste trabalho apresentamos algumas conclusões de uma pesquisa realizada no Grupo de Estudos Interdisciplinar sobre Fronteiras, da Universidade Federal de Roraima. Os resultados apontam que na atual conjuntura marcara por tensões relacionadas à questão migratória, surgem novos pressupostos teóricos e metodológicos para uma importante chave de leitura e interpretação da Pan-Amazônia, tendo por base a dinâmica da mobilidade humana na região, ou seja, o contexto migratório. O objetivo deste trabalho é elaborar uma representação da Pan-Amazônia observando as importantes mudanças pelas quais a região tem passado a partir dos seus mais diversos fluxos migratórios. Adotou-se uma metodologia quali-quantitativa visando a análise da realidade com um olhar crítico, de modo a “desnaturalizar” os fatos sociais mediante as técnicas de pesquisas das ciências sociais pautadas no rigor metodológico e em uma prática científica extremamente cuidadosa e criteriosa. Conclui-se que, não há como estudar ou aprofundar a Pan-Amazônia sem considerar as migrações. A dinâmica migratória também representa uma importante chave representativa e interpretativa da Amazônia e os migrantes contribuem com a formação do mosaico da sociodiversidade desta região de “mil rostos” em uma miscelânea de culturas, experiências e subjetividades trazidas e levadas nos itinerários migratórios. Fundamentado em Oliveira (2016) e Balman (2017), analisam-se os permanentes traslados de milhares de pessoas, em um contexto caracterizado por intensa mobilidade e simultâneos deslocamentos humanos, ora com maior intensidade de migrantes venezuelanos e haitianos. Essa nova dinâmica migratória oferece pistas para analisar essa região transfronteiriças marcada por profundas mudanças sociais, econômicas, políticas e culturais. Esse estudo possibilitou-nos identificar os principais elementos propulsores da mobilidade humana na Pan-Amazônia, resultando em uma análise mais aguçada da temática e situando tanto o panorama dos movimentos de migração interna como os processos que concorrem para a migração internacional. Além disso, chegamos à conclusão de que se faz necessário buscar novos elementos para se reelaborar os conceitos de migração nessa região, levando em consideração a mobilidade dos povos indígenas, migrantes indocumentados ou irregulares, refugiados, ribeirinhos e outras categorias específicas da região, decorrentes de novos acontecimentos, como a feminização da migração e o tráfico internacional de mulheres para fins de exploração sexual comercia