Fim do ciclo progressista, ressurgimento da “nova direita” e a atuação em política externa nos atuais governos do Brasil, Chile, Argentina e Peru
Após o ciclo de redemocratização ocorrido nos anos oitenta, grande parte dos países da América do Sul alternaram períodos neoliberais com o fortalecimento dos chamados “governos progressistas”, onde os principais partidos políticos de esquerda e de centro-esquerda da região foram eleitos como alternativas ao ciclo neoliberal, promovendo políticas públicas visando a integração regional, as instâncias multilaterais e a diversificação de parceiros comerciais e políticos. Nos últimos anos, contudo, diversas crises tornaram possíveis que partidos de centro-direita e de direita fossem eleitos. No Brasil, na Argentina, no Chile e no Peru, o ressurgimento da “nova direita” se deu, em primeiro lugar, com um discurso pautado pela desconfiança com os partidos e com a própria política. Em segundo lugar, com a ênfase da necessidade de menor atuação estatal e dos mecanismos de mercado. Por fim, em terceiro lugar, tais governos foram eleitos com base em uma profunda divisão societária. A partir dessas considerações, o estudo examina se a nova direita tem tido novos direcionamentos em política externa voltada para a integração regional e fortalecimento da América do Sul, destacando quais têm sido os posicionamentos desses novos governos. Com isso, o estudo analisa se houve mudança na atuação em política externa em relação aos governos anteriores. Para atingir tais objetivos, serão averiguadas as causas do surgimento da nova direita em cada um dos contextos, destacando o sistema político, aspectos societários e econômicos. Em seguida, será feita uma análise das principais pautas de eleição da nova direita no tocante à política externa, averiguando a existência de políticas de integração regional em programas de governo. Por fim, o estudo considera a tomada de posicionamento dos Ministérios das Relações Exteriores e do Presidente de cada país, analisando documentos oficiais, discursos, além das redes sociais. Com base na metodologia comparada e na análise de conjuntura, serão feitos apontamentos específicos em torno da atuação em política externa para a integração regional, verificando se houve diferença em relação aos governos anteriores e se há uma convergência de atuações desses novos governantes entre si e com o restante da América do Sul, delimitando os principais focos de atuação.