Assédio em lugares públicos: movimentos de mulheres e impactos nas denúncias de violência

O objetivo do presente estudo é tecer apontamentos sobre as campanhas promovidas por movimentos feministas em relação à temática do que vem sendo conceituado como “assédio público”. Serão observados os dados do Disque Denúncia, organização não governamental e sem fins lucrativos, que se apresenta para a sociedade civil como um canal integrado à base de dados 180 desde 2014. Esse canal busca conectar os relatos da população que vivenciam ou presenciam eventos de violência e/ou criminalidade à instituição policial. Das 2.718.282 de denúncias contidas na base de dados entre os anos de 2006 a 2017, foram filtradas 384 denúncias sobre assédio sexual. tipologia de denúncias sobre assédio de mulheres no Rio de Janeiro. A partir disso, a realizou-se a procedimentos a estruturação e adequação das bases para a construção de análises exploratórias (BUSSAB, 1988). Tendo como objeto de estudo a base de dados do Disque Denúncia sobre este tipo de conduta, a hipótese da pesquisa é que a mobilização de mulheres em torno do tema tem sido elemento fundamental para impulsionar o número de denúncias no estado do Rio de Janeiro. A pesquisa procura apresentar de quais formas a agenda tem sido mobilizada, além de quais os tipos de denúncias mais recorrentes sobre o tema e quais bairros da cidade do Rio de Janeiro com maior número de ocorrências. Cabe ressalvar que a base de dados utilizada do Disque Denúncia compreende o total de 2.718.282 denúncias, das quais 384 (ou 0,14%) representam as relativas a assédio sexual e, especificamente sobre assédio em espaços públicos foram contabilizadas 253 (ou 66,06%) denúncias.

Yasmin de Mendonça Curzi /IESP/UERJ