Impacto das redes sociais no comportamento eleitoral: o caso do Rio de Janeiro em 2018

As redes sociais vem sendo muito utilizadas na comunicação eleitoral desde o início desta década e com cada vez maior influência neste palco, mas ainda com dúvidas sobre a real eficácia sobre o eleitorado. Um case que mostra uma possível inflexão é a eleição para governador do estado do Rio de Janeiro, no Brasil, no ano de 2018, em que o eleito acabou sendo Wilson Witzel, uma pessoa sem qualquer passado político, mas cujo desempenho eleitoral surpreendeu analistas políticos, que - a despeito de possíveis discrepâncias nas estatísticas das pesquisas de intenção de votos -, majoritariamente, apostavam em um segundo turno entre o candidato Romário (Podemos) e Eduardo Paes (Democratas) - este último ex Prefeito da capital do estado e responsável pelas obras dos Jogos Olímpicos de 2016. Elementos como sua vinculação à pauta conservadora e ao discurso antissistêmico que o aproximou de Jair Bolsonaro são também chaves explicativas relevantes para a compreensão deste resultado. No entanto, a intensificação da difusão de sua candidatura via redes sociais, sobretudo na última semana antes do primeiro turno por meio do WhatsApp e Facebook, é elemento que não deve ser negligenciado de análises mais densas. Nessa esteira, esta pesquisa busca compreender se houve mudança significativa do comportamento eleitoral em 2018 em relação aos anos anteriores, no que diz respeito à “candidaturas surpresas” e se as redes sociais podem ser, de fato, um fator explicativo para esta questão. Para analisar este fenômeno, o presente estudo analisa o engajamento de Witzel no Twitter, entendendo este a partir do aumento de seguidores, curtidas e réplicas a seus tuítes, ao longo do período eleitoral, a partir da metodologia desenvolvida pela Diretoria de Análises de Políticas Públicas da Fundação Getulio Vargas, via API (Application Program Interface), que possibilita recuperar dados históricos e a consulta a estes a partir de terminologias específicas. Utilizando estatística descritiva é possível, dessa forma, acessar o debate sobre um tema para, por fim, visualizar os possíveis indicativos de alterações das percepções sociais e posições políticas concernentes a ele.

Yasmin de Mendonça Curzi /IESP/UERJ
José Antônio Mariano de Azevedo Perez Rojas /Fundação Getulio Vargas