The Brazilian peace: uma análise dos discursos dos comandantes militares da MINUSTAH sobre “pacificação" e política externa

A produção acadêmica brasileira sobre a participação do Brasil em operações de manutenção da paz cresceu exponencialmente desde que o país assumiu o comando militar da Missão das Nações Unidas para Estabilização do Haiti (MINUSTAH) em 2004. A literatura produzida sobre a MINUSTAH concentra-se no processo decisório que levou o governo brasileiro a aceitar a chefia militar da missão e nas relações dessa decisão com vários objetivos de política externa: expandir o seu soft power, consolidar uma posição de liderança regional, fortalecer a posição do país na cooperação sul-sul, se contrapor aos Estados Unidos, garantir um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU e apresentar uma alternativa ao princípio da Responsabilidade de Proteger vigente nesta organização. Esta comunicação discutirá como esses objetivos foram interpretados e executados pelos generais que comandaram a MINUSTAH. Discutirá também as nuances e diferentes percepções sobre o processos de “pacificação” no Haiti e no Brasil presentes no discurso desses militares, uma vez que a conexão Porto Príncipe-Rio de Janeiro é um dos eixos do debate a respeito de como experiências entrecruzadas desta natureza influenciam os processos de “pacificação” em curso no âmbito internacional, através das missões de paz das Nações Unidas, e no âmbito doméstico, através das operações de Garantia da Lei e da Ordem. A principal fonte para a elaboração desta comunicação são os depoimentos dos generais que comandaram a MINUSTAH para o projeto “Transformações da profissão militar no Brasil e na Argentina: a perspectiva das Ciências Sociais”, da Fundação Getulio Vargas.

Adriana Marques /Universidade Federal do Rio de Janeiro