Competição partidária e interação estratégica na eleição presidencial brasileira de 2018
Enquanto a abordagem da política comparada explica a dinâmica da competição partidária através do critério numérico, a abordagem da escolha racional recorre ao conceito de interação estratégica para explicá-la. De acordo com Aldrich (2011), sistemas de competição partidária configurados pela interação estratégica consistem de todos e somente aqueles partidos cujas ações ajudam a determinar o resultado da competição. A partir dessa definição, entendemos que a dinâmica da competição partidária durante as eleições presidenciais brasileiras entre 1994 e 2014 foi marcada pela interação estratégica entre PT e PSDB. Ambos os partidos estiverem a frente das principais coligações eleitorais e ocuparam o centro da política brasileira invertendo suas posições na disputa enquanto oposição e situação. Nas afirmações de Peter Mair (1996), o centro do sistema partidário é constituído acerca da estrutura de competição pelo Executivo e, desse modo, os partidos tendem a se separar por blocos e coligações eleitorais seguindo padrões ideológicos e programáticos. Todavia, essa dinâmica de interação teria se modificado na eleição presidencial de 2018, com a ascensão e posterior vitória no segundo turno do candidato do PSL. Desse modo, o objetivo deste artigo é verificar como ocorreu a interação estratégica entre todos os partidos que disputaram a eleição presidencial de 2018. Para tanto, analisaremos, via Análise de Conteúdo, as redes de interação configuradas no horário gratuito de propaganda eleitoral e nos debates eleitorais televisionados, a partir da menção nominal a um partido por seu adversário. Defendemos a hipótese de que o esfacelamento de alianças eleitorais tradicionais e a fragmentação das candidaturas de partidos de direita e centro-direita em 2018 provocaram uma alteração na dinâmica de interação estratégica, que teria deixado de ser polarizada entre PT e PSDB.