O lugar da política externa nas eleições brasileiras de 2018: análise das propostas dos presidenciáveis

A presente pesquisa dedica-se a um tema que não costuma ser central nas eleições presidenciais brasileiras: a política externa. Na literatura que versa sobre a política externa brasileira é recorrente a ideia de que esta temática seria um tema secundário nas eleições, a partir do entendimento de que esta área da política não poderia ser convertida em votos. Desta forma, a política externa é tratada por vários autores como marginalizada no debate político nacional, dado que os eleitores - em teoria - se interessariam mais pela política doméstica. No entanto, propomos que, como política pública, esse tema é passível de conflitos de interesses entre os grupos domésticos. Nesse contexto, o artigo tem como principal objetivo analisar as principais propostas sobre política externa dos treze candidatos à presidência nas eleições de 2018. Não se trata, entretanto, de medir o grau de coerência das propostas com o histórico dos partidos ou com o cenário internacional, mas de apresentar as linhas gerais de cada plano de governo, destacando as permanências e as rupturas com relação à conduta tradicional. Os principais instrumentos utilizados para fazer esta leitura sobre as eleições de 2018 foram os planos de governo apresentados pelos candidatos. Devido ao fato de muitos destes planos serem vagos a respeito deste tema, fez-se necessário completar as informações através dos principais debates entre os presidenciáveis e as entrevistas mais relevantes. Através desta pesquisa, podemos constatar que nas eleições de 2018, de forma geral, o tema foi pouco abordado pelos candidatos em seus projetos e nas aparições televisivas. A única exceção recaiu sobre a crise venezuelana. O cenário político em Caracas era recorrente nas entrevistas e debates, gerando certas polêmicas. Notamos assim, uma excepcionalidade e interesse especial no caso relativo ao governo de Maduro, já que as posições adotadas por certos candidatos repercutiram na mídia, redes sociais e na opinião pública. Ao longo da pesquisa é possível observar também uma incontestável polarização entre os campos políticos, mais evidenciada através dos dois principais candidatos - Fernando Haddad do PT e Jair Bolsonaro do PSL.

Hannah Guedes de Souza /Universidade Federal da Integração Latino-Americana
Priscilla Carvalho Mendes /Universidade Federal Fluminense