As estratégias eleitorais de Lula II (2006) e Felipe Calderón (2006)

A presente comunicação é parte de pesquisa de doutorado intitulada “Entre a política e a economia: a história das estratégias de desenvolvimento em Brasil e México (2000-2013)” desenvolvida no âmbito do Programa de Pós-graduação em História Econômica da Universidade de São Paulo. No espírito de colaborar com as reflexões do X Congresso Internacional da ALACIP propomos uma comunicação que busca analisar as campanhas eleitorais vitoriosas do PAN, no México, e do PT, no Brasil, em 2006. Nossa análise tem por objetivo reconstituir as estratégias utilizadas pelo Partido Acción Nacional (México) e pelo Partido dos Trabalhadores (Brasil) nas peças de propaganda televisiva das campanhas eleitorais presidenciais ocorridas no 2006. As campanhas eleitorais serão analisadas a partir de duas questões: 1) papel do Estado no desenvolvimento econômico e na redução das desigualdades; 2) pautas identitárias e de costumes. Também tratamos das estratégias de ambos partidos na construção da representação acerca de seus adversários. Nesse sentido, observar a elaboração dessa relação adversarial elucida dois pontos fundamentais: 1) as variáveis mobilizadas para elencar Calderón e Lula como, respectivamente, os verdadeiros representantes dos interesses do “povo” mexicano e brasileiro (a construção de um “nós”); 2) os recursos utilizados para apontar que seus adversários não representavam o interesse dos mexicanos (a construção de um “eles”). Por fim, vale apontar que os governos de Lula II e Calderón são dois dos mais emblemáticos da primeira década do século XXI em nosso continente. Afinal, muito do que as “Novas configurações de poder” – mote do Congresso - estão desconstruindo agora foi erguido nos governos de Lula II e Calderón. Por isso, reconstituir os dilemas enfrentados pelos governantes desse período – e as estratégias mobilizadas para enfrenta-los – é ferramenta fundamental para compreender e encarar (sempre em consonância com o espírito do Congresso) os “desafios da democracia na América Latina”.

Ricardo Neves Streich /FFLCH-USP