Economia, política e democracia no capitalismo moderno

Nosso objetivo é propor reflexões centradas na seguinte questão: conseguirá, o capitalismo continuar se desenvolvendo e se reinventando frente à devastadora concentração de renda e riqueza que assola as economias subdesenvolvidas? Pensando numa correspondência entre a utopia liberal do século XIX e o mercado hoje, focamos em quatro elementos de nossa época que podem representar os quatro esteios da civilização do século XIX, quais sejam: o câmbio (padrão-ouro), os organismos internacionais tais como a ONU (o sistema de equilíbrio de poder), o capitalismo industrial e financeiro (mercado auto-regulável) e o estado neoliberal (estado liberal). Seguindo reflexões a partir de Polanyi, Hosbsbawn, José Luis Fiori, Laval, Dardot, e Nelson Delgado, tecemos considerações acerca do capitalismo como impulso que não viria do mercado, mas das relações de poder. Num contexto pós-Segunda Guerra Mundial, tem-se a Conferência de Bretton Woods, que encontra nações independentes aspirando ao desenvolvimento após a destruição de imperialismos. Aqui, podemos nos colocar sobre a reflexão acerca das variedades que o capitalismo pode assumir e a utopia que há em torno de sua homogeneização. A geração e manutenção das taxas de emprego entram como questão fundamental na ordem capitalista. Assistiu-se a uma conjuntura de liberalização comercial e multilateralismo com o maior número possível de nações. Assim, tem-se forças em contrassenso, como o desenvolvimento, o laissez-faire e o mercado auto-regulável contra o protecionismo e os impérios comerciais. A questão política que se colocava naquele momento era a possibilidade de conciliação entre a liberalização comercial e o pleno emprego. Podemos inferir que o sistema capitalista não caminha sozinho, ele tem uma nacionalidade que caminha territorialmente. No século XX, houve ainda uma tentativa de recuperação daquele tipo de sociedade que ruiu no século XIX, conforme descreve Polanyi, até mesmo com a adoção do padrão dólar-ouro (que é extinto na década de 70), cedendo lugar ao dólar flexível. A derrota política de uma experiência socialista iniciará movimentos que resultarão no neoliberalismo e na destruição dos sindicatos. A partir do fim do laissez-faire e a extinção do estado de bem-estar social, as finanças internacionais se expandem ao livre comércio, observando-se, então, uma extraterritorialidade metafísica.

Lara Izabella Arantes Tosta /CPDA/Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro